sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lugares e Equipamentos Públicos de Lazer


Identificação do Projeto
TÍTULO DO PROJETO: LUGARES E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE LAZER NA CIDADE VELHA (BELÉM-PA): seus usos e contra-usos na experiência de sociabilidade urbana.
Instituição: Universidade Federal do Pará
Departamento: Instituto de Ciências da Educação
Unidade Executora: Faculdade de Educação Física
Coordenadora do Projeto: Lucília da Silva Matos
Introdução
O projeto intitulado “LUGARES E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE LAZER NA CIDADE VELHA BELÉM-PA: seus usos e contra-usos na experiência de sociabilidade urbana surge a partir da participação da pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisa em Cultura do Corpo, Educação, Arte e Lazer – LACOR-, no qual assume a coordenação da linha de pesquisa Educação Lúdica, Arte e Lazer. O referido grupo é constituído por docentes, discentes, pesquisadores e profissionais da UFPA e de outras instituições públicas interessados na temática Educação Física, Esporte, Arte, Lazer. Surge também como uma forma de dar prosseguimento a pesquisa iniciada em 2009 pelo grupo LACOR: “O diagnóstico do Esporte e Lazer na Região Norte”, ação articulada entre Universidades UFPA/UFAM e ULBRA sendo coordenada pelo LACOR/ISED/ UFPA e encomendada pelo Ministério do Esporte/ Rede CEDES.
 Embora o projeto seja iniciado pelo bairro da Cidade Velha, primeiro bairro da cidade de Belém, onde estão localizados vários equipamentos públicos de lazer (praças, teatros, galerias etc.), estamos planejando após resultado da pesquisa ampliá-lo para outros bairros da cidade.
Ao longo da história da cidade de Belém tais equipamentos foram edificados a fim de dar contornos urbanos de convivência pública a esse bairro que historicamente se constituiu como local de moradia, lazer e trabalho de grande parcela da população belenense. 
Apesar das mudanças pelas quais a Cidade Velha tem passado ao longo dos quase quatro séculos desde a fundação da cidade, esse bairro continua a ser um dos que contem, certamente, grande parte do acervo de patrimônio público edificado de lazer e transforma-se em “palco” permanente para as vivências de diferentes formas de expressão no âmbito do lazer de grupos culturais praticantes de manifestações variadas sejam elas práticas corporais mais contemporâneas como, por exemplo, o parkour, o skyte, entre outras, seja pelas práticas revisitadas da cultura popular como carnaval, os bois, a capoeira, os jogo de peteca (bola de gude) esta última verificada por grupos de diferentes idades na Praça do Carmo, etc. Cada uma dessas manifestações são organizadas por grupos sociais diversos, nesse sentido entender a lógica operada por esses grupos e os significados elaborados pelos participantes dessas atividades será fundamental para analisar essas vivências de sociabilidade urbana que dão contornos públicos aos espaços e equipamentos localizados na Cidade Velha.                                                                                                                                        
Nessa perspectiva o projeto de pesquisa visa realizar um mapeamento dos lugares, equipamentos públicos e seus usos cotidianos através das vivências de lazer, no bairro da Cidade Velha, primeiro bairro da cidade de Belém, a fim de constituir um quadro geral dos lugares, equipamentos, das práticas de sociabilidade de lazer neles vivenciadas e dos principais agentes/grupos sociais frequentadores.
Após realização desse mapeamento serão escolhidos dois desses lugares, a partir de avaliação e tomando como critérios a significação cultural para os grupos e agentes sociais que neles se encontram, as experiências neles vivenciadas e também sua relevância histórica, para desenvolver uma pesquisa mais aprofundada sobre os usos e contra-usos desses lugares e de seus equipamentos. Partimos do entendimento de que, na maioria das vezes, esses usos vão além do objetivo planejado, o que confere a esses lugares um sentido de sociabilidade pública que pode sugerir concepções diferentes sobre a noção de espaço público e a criação de novas práticas de lazer, aspectos fundamentais para as políticas públicas.
Justificativa
O tema de pesquisa justifica-se pela necessidade de reflexão sobre a dimensão pública dos lugares de sociabilidade das práticas urbanas de lazer principalmente diante da atual conjuntura em que as cidades são tratadas como vitrines do consumo para turistas e pessoas de maior poder aquisitivo. Nessa perspectiva projetos urbanísticos de embelezamento urbano são traçados como uma forma de tentar disciplinar os usos do espaço urbano a partir da lógica do lucro. No entanto, observamos que, na maioria das vezes, esses usos desses lugares pela população vão além do objetivo planejado para os lugares e equipamentos. Temos como hipótese que isso ocorre porque o sentido público do lugar é construído através de disputas, muitas vezes camufladas, e de práticas de contra-usos. Para tal análise tomaremos como suporte teórico a teoria de Certeau (1994) no que diz respeito a sua análise das “artes de fazer” na qual entende que a constituição de um lugar público é construída através de estratégias e táticas.
A primeira (estratégia) é entendida como instituições e suas ações. Reconhecidas como autoridades, status de ordem dominante e se expressam materialmente em tipos específicos de edificações e ações que imprimem características a estes lugares tendo como objetivo se perpetuar através das coisas que ela produz, uma vez que, cálculo e eficiência são suas condições fundamentais. O controle, o domínio, a ordem das práticas institucionalizadas fazem parte se seus objetivos já que se interessa por práticas homogêneas e uniformes. A segunda (tática) trata-se de uma ação calculada, mas que não possui lugar próprio e domínio do tempo, “são artes de fazer”. O modelo revela os indivíduos dispersos, fragmentados no espaço, não possuem base em termo de lugar, se agrupam a partir de uma dada necessidade. É fonte de improvisação, é flexível e ágil. Ocupa os espaços entreabertos pelo sistema, mas seu objetivo não é o domínio. Tem Clareza de seu status de fraco, sua falta de estrutura, ela se expressa na transformação das coisas criadas de modo a serem suas. É quase invisível, silenciosa, não está presente no produto e sim na forma de usá-lo (CERTEAU, 1994).
Partimos, pois do pressuposto de que tais práticas acabam por trazer para o espaço urbano divergências no que diz respeito ao o que deve ou não estar presente em determinados lugares, no entanto entendemos que são os conflitos que dão anima a dimensão política e a “sociabilidade pública” (LEITE, 2004) presentes ao longo da história nesses lugares e equipamentos de lazer. As lutas, concorrências e tensões são elementos expressivos de uma síntese da sociedade (SIMMEL, 1983). Essa perspectiva nos abre caminhos para uma investigação dos diferentes lugares e sociabilidades existentes em um mesmo bairro (cidade velha) na intenção de entender seus usos públicos como ações criativas que em geral desafiam as falas e práticas que tentam impor uma forma de uso monolítica desses lugares.
Ao usarmos a noção lugar o fazemos por considerarmos que é menos abrangente e genérica do que a de espaço: lugar será então entendido como demarcações simbólicas e físicas no espaço qualificado pelos usos. São os tipos de usos que dão qualidade ao lugar, as relações sociais neles travadas que lhes atribuem sentido de pertencimento, orientando ações sociais e sendo por estas delimitados. (LEITE, 2004, p. 35).
Quanto à definição do Lazer como categoria analítica surgiu pela compreensão deste como um dos maiores fenômenos da esfera da cultura responsável pela potencialização de redes de sociabilidade, em que grupos se organizam com certa liberdade de escolha em torno de vivências prazerosas, resignificando seu fazer cotidiano e enriquecendo suas experiências pessoais e coletivas (MATOS, 2001).
No entanto, o lazer, entendido como processo e produto da cultura, está envolvido na trama das relações e contradições sociais. Na realidade, como fruto das mudanças nas relações de trabalho, das reivindicações e conquistas da classe trabalhadora no início da industrialização por um tempo livre das obrigações do trabalho, o lazer já nasce imerso numa diversidade de concepções e valores sobre tempo livre. Alguns desses valores segundo Marcellino (1998) estão impregnados por uma visão funcionalista que prega a importância da preservação da ordem estabelecida, sendo válvula de escape dessa própria ordem social vigente, servindo como um tempo para a reposição da energia dos trabalhadores e muitas vezes com atividades dirigidas, organizadas para preservar a lógica da produção. Nos países desenvolvidos, após a segunda guerra mundial, o lazer triunfa como lazer-mercadoria entendido, não só, mais também, como um tempo disponível para o consumo. No caso do Brasil, mais recentemente, principalmente no último quartel do século XX o lazer passou a ser “[...] o jardim dos novos alimentos terrestres”. (MORIN, 1984, p.69) O que Alain Corbin ao “contar” a “História dos tempos livres” chamou de “[...] uma moral do prazer (fun morality) que traduz a alteração dos valores e das referências” (CORBIN, 1995, p.07).
Segundo Magnani (2000), para muitas tendências do movimento operário, o tempo livre se constituía de um tempo propício para a contestação e organização de uma cultura própria que se contrapunha aos ideais burgueses. No entanto, este autor, ao desenvolver sua pesquisa tendo o lazer como abordagem central, não nega esse fator constitutivo do lazer na sociedade moderna, mas opta em situá-lo em outro contexto. Importando, principalmente a compreensão de que “o outro” tem sobre o lazer, qual o significado e formas de vivenciá-lo no seu dia-a-dia. O trabalho etnográfico desenvolvido por Magnani permitiu apreender amplas e variadas formas de usos do tempo livre nos finais de semana nos bairros periféricos; atividades essas profundamente vinculadas ao modo de vida e às tradições dessa população. Verificou que o lazer para esses moradores dos bairros periféricos pesquisados estava para além da necessidade de reposição de energia para o retorno ao trabalho, “[...] representava, antes, uma oportunidade, através de antigas e novas formas de entretenimento e encontro, de estabelecer, revigorar e exercitar aquelas regras de reconhecimento e lealdade que garantem a rede básica de sociabilidade” (MAGNANI, 2000, p.31).
Magnani (2000) tomou como ponto de partida analisar os lugares onde eram vivenciadas as atividades de lazer distinguindo sistemas de oposições “em casa” onde as atividades de lazer giravam em torno dos ritos que celebram as mudanças significativas no ciclo vital: batizado, aniversário, etc. e “fora de casa” que se subdividia em “na vizinhança”, cujos espaços de lazer se situam próximos, lanchonetes, paróquias, salões de bailes, circos, etc. e “fora da vizinhança” quando as pessoas vão para espaços de lazer mais distantes, como nas excursões, disputas de futebol, salões de bailes mais distantes, etc. A partir dessa oposição Magnani aponta para um terceiro domínio: “o pedaço”, “espaço em que se tece a trama do cotidiano” (MAGNANI, 2000, p. 32).
“O termo na realidade designa aquele espaço intermediário entre o privado (a casa) e o público, onde se desenvolve uma sociabilidade básica, mais ampla que a fundada nos laços familiares, porém, mais densa, significativa e estável que as relações formais e individualizadas impostas pela sociedade” (MAGNANI, 1998, p.116).
Em pesquisa desenvolvida pelo mesmo autor em bairro central de São Paulo embora a categoria pedaço tenha se revelado útil - pois as pessoas que frequentam os lugares do centro vão para encontrar seus iguais, para exercitar-se através do uso comum de códigos, para apreciar os símbolos escolhidos e para marcar as diferenças no tecer da rede de sociabilidade - foi necessário a criação de outras categorias como as “manchas”, o “trajeto”, “circuito”. A Mancha é caracterizada pela presença de número diversificado de pessoas de várias procedências sem necessariamente constituir relações de laços mais estreitos uma vez que sua base física é mais ampla. Ela, diferente do pedaço, sede lugar para imprevistos, para variações.
“A mancha, ao contrário, sempre aglutinada em torno de um ou mais estabelecimento, apresenta uma implantação mais estável tanto na paisagem quanto no imaginário. As atividades que oferece e as práticas que propicia são o resultado de uma multiplicidade de relações entre seus equipamentos, edificações e vias de acesso, o que garante uma maior continuidade, transformando-a, assim, em ponto de referência físico, visível e público para um número mais amplo de usuários” (2009, p. 23).
Os “trajetos” são os caminhos percorridos não aleatoriamente para se chegar ao pedaço habitual no meio da mancha. Para se chegar lá, escolhas são feitas no exercitar de outras lógicas a partir do deslocamento por outros pontos e equipamentos no espaço urbano. Já o Circuito é caracterizado pelo exercício de práticas e ou oferta de determinado serviço por meio de equipamentos e espaços que não são contíguos espacialmente, o que o fazem ser reconhecido por seu conjunto são os seus tipos específicos de frequentadores, como por exemplo, o circuito gay, o circuito de brega, o circuito de shows Black, etc. (MAGNANI, 2009).
Tais referências serão fundamentais para a pesquisa em questão, pois ao pesquisarmos os lugares e equipamentos de lazer no bairro da Cidade Velha poderemos nos valer de tais categoriais para análise de nosso objeto de pesquisa assim como, no processo de pesquisa, criar outras categorias nativas que melhor situe as práticas de sociabilidade geradas pelo lazer dos vários grupos frequentadores, moradores ou não, desse bairro.
A pesquisa pretende tratar a temática do lazer articulando-a como dimensão da cultura, no entanto, sem perder de vista, também os aspectos referentes à sociedade de consumo, uma vez que no processo de globalização o lazer é tomado como um excelente negócio ocupando lugar de destaque. O aspecto lúdico do prazer proporcionado pelo lazer e a sua institucionalização sob a forma de diversão – entretenimento – passa então a ser o fio condutor de uma gigantesca indústria da diversão. Como afirma Edgar Morin: “O lazer moderno não é apenas o acesso democrático a um tempo livre [...] fornece não mais apenas um tempo de repouso e de recuperação, mas um tempo de consumo” (MORIN, 1984:67).
No caso do tema em questão, pretendemos, além de mapear os lugares, equipamentos e as práticas de lazer de maneira geral, exercitar através de um denso trabalho de campo essas práticas urbanas que ocorrem em dois desses lugares. Entender como se processa a apropriação desse bairro da cidade de Belém através das práticas de sociabilidade pelos grupos sociais diversos que se mobilizam para o convívio e transformam esses lugares, onde as ruas, calçadas, casas, edifícios, passam a ter novos significados, haja vista que nesses momentos de lazer o cenário é composto pelos novos agentes sociais frequentadores.
A relevância da pesquisa extrapola o universo acadêmico uma vez que fornecerá dados hoje essenciais para o estabelecimento de políticas públicas na área do lazer uma vez que entendemos que a construção, reforma de equipamentos de lazer assim como os processos de animação cultural desses lugares e equipamentos devem ser canais permanentes de diálogo entre Estado e Sociedade Civil na perspectiva de construção, mesmo que a partir das tensões de classe existentes, de canais para a participação popular e uma apropriação cidadã através das variadas formas culturais de usos públicos desses lugares.
Objetivo Geral
Realizar um mapeamento dos lugares, equipamentos de lazer públicos e seus usos cotidianos através das vivências de lazer no bairro da Cidade Velha e eleger dois desses lugares para desenvolver um trabalho mais longo de observação participante a fim de analisar os usos e contra-usos desses lugares e equipamentos.
Objetivos Específicos
1- Desenvolver revisão bibliográfica sobre espaços e equipamentos públicos de lazer;
2- Mapear os espaços e equipamentos públicos de lazer existentes na Cidade Velha;
3-Observar e listar os processos de sociabilidade através das práticas de lazer que acontecem nesses lugares e equipamentos;
4- Desenvolver observação participante a fim de analisar os usos e contra-usos desses lugares e equipamentos de lazer na intenção de compreender o interesse dos frequentadores dos lugares mapeados em relação às práticas de lazer;
5-Conhecer de maneira mais detalhada e analisar as interações entre alguns grupos sociais a partir de seus diferentes usos dos equipamentos de lazer da cidade velha;
6- Tentar apreender a dinâmica da elaboração destas práticas culturais de lazer pelos seus agentes e a apreensão de seu caráter simbólico;
7- Proporcionar aos alunos (voluntários) envolvidos neste projeto a formação e a experiência para a pesquisa científica, através da discussão teórica de temas paradigmáticos na educação física tais como lazer, cultura, sociabilidade em contexto urbano.
Metodologia
Desenvolver essa pesquisa implica em ter como cenário mais geral a própria cidade de Belém, isto porque, trata-se de um trabalho que se propõem em sua primeira fase, mapear os lugares, equipamentos e as práticas culturais de lazer presentes na Cidade Velha que por sua condição histórico-social se constituiu como um bairro de grande relevância cultural não apenas para seus moradores mas, para grande parte dos Belenenses. Nessa perspectiva, diversos grupos/sujeitos que estão em vários “pedaços” da cidade frequentam os pontos culturais desse bairro tendo pelo menos um objetivo que os interligam: a necessidade de sociabilidade através do lazer com seus pares. Assim a pesquisa se constituirá a partir de algumas fases interligadas:
1-      Levantamento de fontes teóricas e informativas sobre o objeto de estudo: estudos desenvolvidos sobre a categoria lazer, espaços de lazer, equipamentos públicos de lazer, produções culturais, sociabilidade e sobre a história do bairro da Cidade Velha a fim de consolidar uma apropriação, por parte da pesquisadora e dos pesquisadores voluntários e ou bolsistas, sobre o contexto sócio cultural do bairro e as bases teóricas que fundamentarão a pesquisa.
2-      Mapeamento geral do bairro, ruas, lugares e equipamentos existentes através de informações documentais institucionais provenientes da Secretaria de Cultura do Estado do Pará e do Município de Belém e na Secretaria de Meio Ambiente.
3-      Trabalho de campo 1- Terá caráter mais exploratório a fim de obter uma visão geral sobre os equipamentos, as principais práticas de lazer neles desenvolvidas e os grupos /sujeitos frequentadores. O trabalho será desenvolvido através de observação e entrevistas abertas com moradores ou frequentadores desses lugares em dias e horários diferenciados.
4-      Constituição de um Mapa inicial de localização desses lugares, equipamentos e práticas de lazer e principais grupos frequentadores para reorganização do projeto de pesquisa a partir dos primeiros dados coletados na pesquisa exploratória e construção de instrumentos para a segunda etapa da pesquisa;
5-       Seleção da base cartográfica para o georeferenciamento dos lugares de lazer e seus devidos usos;
6-      Realização de seminário para eleição dos dois lugares a serem priorizados e de preparação metodológica em pesquisa de campo aprofundada;
7-      Realização da pesquisa de campo (entrevistas semi-estruturada e observação participante);
8-      Seminário para realizar a síntese que balizará a elaboração do relatório final e de possíveis temas para elaboração de artigos;
9-      Análise dos dados de campo e redação do relatório final;
10-   Seminário final aberto ao público para socialização do resultado da pesquisa;

Pelo fato da pesquisadora e dos pesquisadores voluntários e ou bolsistas serem moradores da cidade de Belém e de serem frequentadores de muitos desses lugares de sociabilidade pública através da vivência do lazer na Cidade Velha, existirá, de alguma forma, algum compartilhamento de sentidos, de significados e de símbolos entre os (as) pesquisadores (as) e esses grupos, neste sentido será fundamental um estranhamento do que já é familiar para os pesquisadores como tornar familiar o que para os (as) pesquisadores (as) é estranho (Da MATTA, 1978) uma vez que, para efetivar a pesquisa proposta, será necessário mais do que conhecer as práticas de lazer desenvolvidas nesses lugares da pesquisa, mas conhecer e interpretar os significados elaborados no fazer cotidiano, nos encontros, brincadeiras, festas, reuniões, desses vários grupos/agentes sociais e como se constitui essas práticas de uso e de contra-uso desses lugares.
Utilizaremos como orientação metodológica para o processo da pesquisa de campo nos dois lugares definidos, a descrição densa, que busca a inscrição do significado de determinadas práticas culturais num dado contexto, além de nos valermos da abordagem diacrônica que nos permitirá entender em que contextos foram criadas essas manifestações. A tarefa fundamental da descrição densa é tornar o trabalho de campo o mais profundo possível. Gueertz (1989), ao escrever sobre o tema afirma que o pesquisador deve debruçar-se sobre as ações dos agentes sociais enquanto ações simbólicas a serem lidas como “textos”, a partir da “linguagem” dos produtores desses mesmos “textos”, uma vez que da mesma forma que a cultura é pública seu texto também o é: 
“O que é importante nos achados do antropólogo é sua especificidade complexa, sua circunstancialidade. É justamente com essa espécie de material produzido por um trabalho de campo quase obsessivo de peneiramento, a longo prazo, principalmente (embora não exclusivamente)  qualitativo, altamente participante e realizado em contextos confinados, que os megaconceitos com os quais se aflige a ciência social contemporânea (...) podem adquirir toda a espécie de atualidade sensível que possibilita pensar não apenas realista e concretamente sobre eles, mas, o que é mais importante, criativamente com eles” (GUEERTZ, 1989, p. 33).
Através dessa compreensão, além dos aspectos enumerados acima toda a realidade vivenciada em campo será registrada através da escrita no diário de campo e através de imagens (fotografia, filmagem). Realizaremos algumas entrevistas previamente estruturadas e não estruturadas ou abertas, deixando os sujeitos interlocutores da pesquisa abordar livremente alguns temas propostos.
Metas
1-      Cada componente voluntário e/ou bolsista deverá apresentar relatório com dados empíricos coletados e uma pré-análise baseada nos objetivos desta pesquisa;
2-      Produzir um mapa contendo todos os lugares e equipamentos de lazer do bairro;
3-      Definir, com base em critérios objetivos coletivamente traçados, um quadro quantitativo e qualitativo dos lugares e seus usos, conforme os conteúdos do lazer a eles concernentes;
4-      Eleger, a partir de análise consubstanciada por teorias, dois lugares, onde será desenvolvida a pesquisa participante;
5-      Redigir relatório global da pesquisa;
6-      Organizar seminário final sobre o resultado da pesquisa dirigido aos professores/pesquisadores, alunos das Universidades e aos agentes sociais interlocutores da pesquisa;
7-       Redigir um primeiro artigo a partir dos dados da pesquisa para publicação.

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