Identificação do Projeto
TÍTULO DO PROJETO: LUGARES E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE LAZER NA
CIDADE VELHA (BELÉM-PA): seus usos e contra-usos na experiência de
sociabilidade urbana.
Instituição: Universidade Federal
do Pará
Departamento: Instituto de Ciências
da Educação
Unidade Executora: Faculdade de Educação
Física
Coordenadora do Projeto: Lucília
da Silva Matos
Introdução
O projeto intitulado “LUGARES E
EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE LAZER NA CIDADE VELHA BELÉM-PA: seus usos e
contra-usos na experiência de sociabilidade urbana” surge a partir da participação da pesquisadora no Grupo de
Estudos e Pesquisa em Cultura do Corpo, Educação, Arte e Lazer – LACOR-, no
qual assume a coordenação da linha de pesquisa Educação Lúdica, Arte e Lazer. O
referido grupo é constituído por docentes, discentes, pesquisadores e
profissionais da UFPA e de outras instituições públicas interessados na
temática Educação Física, Esporte, Arte, Lazer. Surge também como uma forma de
dar prosseguimento a pesquisa iniciada em 2009 pelo grupo LACOR: “O diagnóstico
do Esporte e Lazer na Região Norte”, ação articulada entre Universidades
UFPA/UFAM e ULBRA sendo coordenada pelo LACOR/ISED/ UFPA e encomendada pelo
Ministério do Esporte/ Rede CEDES.
Embora o projeto seja iniciado pelo bairro da
Cidade Velha, primeiro bairro da cidade de Belém, onde estão localizados vários
equipamentos públicos de lazer (praças, teatros, galerias etc.), estamos
planejando após resultado da pesquisa ampliá-lo para outros bairros da cidade.
Ao longo da história da cidade de
Belém tais equipamentos foram edificados a fim de dar contornos urbanos de
convivência pública a esse bairro que historicamente se constituiu como local
de moradia, lazer e trabalho de grande parcela da população belenense.
Apesar das mudanças pelas quais a
Cidade Velha tem passado ao longo dos quase quatro séculos desde a fundação da
cidade, esse bairro continua a ser um dos que contem, certamente, grande parte
do acervo de patrimônio público edificado de lazer e transforma-se em “palco” permanente
para as vivências de diferentes formas de expressão no âmbito do lazer de
grupos culturais praticantes de manifestações variadas sejam elas práticas
corporais mais contemporâneas como, por exemplo, o parkour, o skyte, entre
outras, seja pelas práticas revisitadas da cultura popular como carnaval, os
bois, a capoeira, os jogo de peteca (bola de gude) esta última verificada por
grupos de diferentes idades na Praça do Carmo, etc. Cada uma dessas
manifestações são organizadas por grupos sociais diversos, nesse sentido
entender a lógica operada por esses grupos e os significados elaborados pelos
participantes dessas atividades será fundamental para analisar essas vivências
de sociabilidade urbana que dão contornos públicos aos espaços e equipamentos
localizados na Cidade Velha.
Nessa perspectiva o projeto de
pesquisa visa realizar um mapeamento dos lugares, equipamentos públicos e seus
usos cotidianos através das vivências de lazer, no bairro da Cidade Velha,
primeiro bairro da cidade de Belém, a fim de constituir um quadro geral dos
lugares, equipamentos, das práticas de sociabilidade de lazer neles vivenciadas
e dos principais agentes/grupos sociais frequentadores.
Após realização desse mapeamento
serão escolhidos dois desses lugares, a partir de avaliação e tomando como
critérios a significação cultural para os grupos e agentes sociais que neles se
encontram, as experiências neles vivenciadas e também sua relevância histórica,
para desenvolver uma pesquisa mais aprofundada sobre os usos e contra-usos
desses lugares e de seus equipamentos. Partimos do entendimento de que, na
maioria das vezes, esses usos vão além do objetivo planejado, o que confere a
esses lugares um sentido de sociabilidade pública que pode sugerir concepções
diferentes sobre a noção de espaço público e a criação de novas práticas de
lazer, aspectos fundamentais para as políticas públicas.
Justificativa
O tema de pesquisa justifica-se
pela necessidade de reflexão sobre a dimensão pública dos lugares de
sociabilidade das práticas urbanas de lazer principalmente diante da atual
conjuntura em que as cidades são tratadas como vitrines do consumo para turistas
e pessoas de maior poder aquisitivo. Nessa perspectiva projetos urbanísticos de
embelezamento urbano são traçados como uma forma de tentar disciplinar os usos
do espaço urbano a partir da lógica do lucro. No entanto, observamos que, na
maioria das vezes, esses usos desses lugares pela população vão além do
objetivo planejado para os lugares e equipamentos. Temos como hipótese que isso
ocorre porque o sentido público do lugar é construído através de disputas,
muitas vezes camufladas, e de práticas de contra-usos. Para tal análise
tomaremos como suporte teórico a teoria de Certeau (1994) no que diz respeito a
sua análise das “artes de fazer” na qual entende que a constituição de um lugar
público é construída através de estratégias e táticas.
A primeira (estratégia) é
entendida como instituições e suas ações. Reconhecidas como autoridades, status
de ordem dominante e se expressam materialmente em tipos específicos de
edificações e ações que imprimem características a estes lugares tendo como
objetivo se perpetuar através das coisas que ela produz, uma vez que, cálculo e
eficiência são suas condições fundamentais. O controle, o domínio, a ordem das
práticas institucionalizadas fazem parte se seus objetivos já que se interessa
por práticas homogêneas e uniformes. A segunda (tática) trata-se de uma ação
calculada, mas que não possui lugar próprio e domínio do tempo, “são artes de
fazer”. O modelo revela os indivíduos dispersos, fragmentados no espaço, não
possuem base em termo de lugar, se agrupam a partir de uma dada necessidade. É
fonte de improvisação, é flexível e ágil. Ocupa os espaços entreabertos pelo
sistema, mas seu objetivo não é o domínio. Tem Clareza de seu status de fraco,
sua falta de estrutura, ela se expressa na transformação das coisas criadas de
modo a serem suas. É quase invisível, silenciosa, não está presente no produto
e sim na forma de usá-lo (CERTEAU, 1994).
Partimos, pois do pressuposto de
que tais práticas acabam por trazer para o espaço urbano divergências no que
diz respeito ao o que deve ou não estar presente em determinados lugares, no
entanto entendemos que são os conflitos que dão anima a dimensão política e a
“sociabilidade pública” (LEITE, 2004) presentes ao longo da história nesses
lugares e equipamentos de lazer. As lutas, concorrências e tensões são
elementos expressivos de uma síntese da sociedade (SIMMEL, 1983). Essa
perspectiva nos abre caminhos para uma investigação dos diferentes lugares e
sociabilidades existentes em um mesmo bairro (cidade velha) na intenção de
entender seus usos públicos como ações criativas que em geral desafiam as falas
e práticas que tentam impor uma forma de uso monolítica desses lugares.
Ao usarmos a noção lugar o
fazemos por considerarmos que é menos abrangente e genérica do que a de espaço:
lugar será então entendido como demarcações simbólicas e físicas no espaço
qualificado pelos usos. São os tipos de usos que dão qualidade ao lugar, as
relações sociais neles travadas que lhes atribuem sentido de pertencimento,
orientando ações sociais e sendo por estas delimitados. (LEITE, 2004, p. 35).
Quanto à definição do Lazer como
categoria analítica surgiu pela compreensão deste como um dos maiores fenômenos
da esfera da cultura responsável pela potencialização de redes de
sociabilidade, em que grupos se organizam com certa liberdade de escolha em
torno de vivências prazerosas, resignificando seu fazer cotidiano e
enriquecendo suas experiências pessoais e coletivas (MATOS, 2001).
No entanto, o lazer, entendido
como processo e produto da cultura, está envolvido na trama das relações e
contradições sociais. Na realidade, como fruto das mudanças nas relações de
trabalho, das reivindicações e conquistas da classe trabalhadora no início da
industrialização por um tempo livre das obrigações do trabalho, o lazer já nasce
imerso numa diversidade de concepções e valores sobre tempo livre. Alguns
desses valores segundo Marcellino (1998) estão impregnados por uma visão
funcionalista que prega a importância da preservação da ordem estabelecida,
sendo válvula de escape dessa própria ordem social vigente, servindo como um
tempo para a reposição da energia dos trabalhadores e muitas vezes com
atividades dirigidas, organizadas para preservar a lógica da produção. Nos
países desenvolvidos, após a segunda guerra mundial, o lazer triunfa como
lazer-mercadoria entendido, não só, mais também, como um tempo disponível para
o consumo. No caso do Brasil, mais recentemente, principalmente no último
quartel do século XX o lazer passou a ser “[...] o jardim dos novos alimentos
terrestres”. (MORIN, 1984, p.69) O que Alain Corbin ao “contar” a “História dos
tempos livres” chamou de “[...] uma moral do prazer (fun morality) que traduz a
alteração dos valores e das referências” (CORBIN, 1995, p.07).
Segundo Magnani (2000), para
muitas tendências do movimento operário, o tempo livre se constituía de um
tempo propício para a contestação e organização de uma cultura própria que se
contrapunha aos ideais burgueses. No entanto, este autor, ao desenvolver sua
pesquisa tendo o lazer como abordagem central, não nega esse fator constitutivo
do lazer na sociedade moderna, mas opta em situá-lo em outro contexto.
Importando, principalmente a compreensão de que “o outro” tem sobre o lazer,
qual o significado e formas de vivenciá-lo no seu dia-a-dia. O trabalho etnográfico
desenvolvido por Magnani permitiu apreender amplas e variadas formas de usos do
tempo livre nos finais de semana nos bairros periféricos; atividades essas
profundamente vinculadas ao modo de vida e às tradições dessa população.
Verificou que o lazer para esses moradores dos bairros periféricos pesquisados
estava para além da necessidade de reposição de energia para o retorno ao
trabalho, “[...] representava, antes, uma oportunidade, através de antigas e
novas formas de entretenimento e encontro, de estabelecer, revigorar e
exercitar aquelas regras de reconhecimento e lealdade que garantem a rede
básica de sociabilidade” (MAGNANI, 2000, p.31).
Magnani (2000) tomou como ponto
de partida analisar os lugares onde eram vivenciadas as atividades de lazer
distinguindo sistemas de oposições “em casa” onde as atividades de lazer
giravam em torno dos ritos que celebram as mudanças significativas no ciclo
vital: batizado, aniversário, etc. e “fora de casa” que se subdividia em “na
vizinhança”, cujos espaços de lazer se situam próximos, lanchonetes, paróquias,
salões de bailes, circos, etc. e “fora da vizinhança” quando as pessoas vão
para espaços de lazer mais distantes, como nas excursões, disputas de futebol,
salões de bailes mais distantes, etc. A partir dessa oposição Magnani aponta
para um terceiro domínio: “o pedaço”, “espaço em que se tece a trama do
cotidiano” (MAGNANI, 2000, p. 32).
“O termo na realidade designa
aquele espaço intermediário entre o privado (a casa) e o público, onde se
desenvolve uma sociabilidade básica, mais ampla que a fundada nos laços
familiares, porém, mais densa, significativa e estável que as relações formais
e individualizadas impostas pela sociedade” (MAGNANI, 1998, p.116).
Em pesquisa desenvolvida pelo
mesmo autor em bairro central de São Paulo embora a categoria pedaço tenha se
revelado útil - pois as pessoas que frequentam os lugares do centro vão para
encontrar seus iguais, para exercitar-se através do uso comum de códigos, para
apreciar os símbolos escolhidos e para marcar as diferenças no tecer da rede de
sociabilidade - foi necessário a criação de outras categorias como as
“manchas”, o “trajeto”, “circuito”. A Mancha é caracterizada pela presença de
número diversificado de pessoas de várias procedências sem necessariamente constituir
relações de laços mais estreitos uma vez que sua base física é mais ampla. Ela,
diferente do pedaço, sede lugar para imprevistos, para variações.
“A mancha, ao contrário, sempre
aglutinada em torno de um ou mais estabelecimento, apresenta uma implantação
mais estável tanto na paisagem quanto no imaginário. As atividades que oferece
e as práticas que propicia são o resultado de uma multiplicidade de relações
entre seus equipamentos, edificações e vias de acesso, o que garante uma maior
continuidade, transformando-a, assim, em ponto de referência físico, visível e
público para um número mais amplo de usuários” (2009, p. 23).
Os “trajetos” são os caminhos
percorridos não aleatoriamente para se chegar ao pedaço habitual no meio da
mancha. Para se chegar lá, escolhas são feitas no exercitar de outras lógicas a
partir do deslocamento por outros pontos e equipamentos no espaço urbano. Já o
Circuito é caracterizado pelo exercício de práticas e ou oferta de determinado
serviço por meio de equipamentos e espaços que não são contíguos espacialmente,
o que o fazem ser reconhecido por seu conjunto são os seus tipos específicos de
frequentadores, como por exemplo, o circuito gay, o circuito de brega, o
circuito de shows Black, etc. (MAGNANI, 2009).
Tais referências serão
fundamentais para a pesquisa em questão, pois ao pesquisarmos os lugares e
equipamentos de lazer no bairro da Cidade Velha poderemos nos valer de tais
categoriais para análise de nosso objeto de pesquisa assim como, no processo de
pesquisa, criar outras categorias nativas que melhor situe as práticas de
sociabilidade geradas pelo lazer dos vários grupos frequentadores, moradores ou
não, desse bairro.
A pesquisa pretende tratar a
temática do lazer articulando-a como dimensão da cultura, no entanto, sem
perder de vista, também os aspectos referentes à sociedade de consumo, uma vez
que no processo de globalização o lazer é tomado como um excelente negócio
ocupando lugar de destaque. O aspecto lúdico do prazer proporcionado pelo lazer
e a sua institucionalização sob a forma de diversão – entretenimento – passa
então a ser o fio condutor de uma gigantesca indústria da diversão. Como afirma
Edgar Morin: “O lazer moderno não é apenas o acesso democrático a um tempo
livre [...] fornece não mais apenas um tempo de repouso e de recuperação, mas
um tempo de consumo” (MORIN, 1984:67).
No caso do tema em questão,
pretendemos, além de mapear os lugares, equipamentos e as práticas de lazer de
maneira geral, exercitar através de um denso trabalho de campo essas práticas
urbanas que ocorrem em dois desses lugares. Entender como se processa a
apropriação desse bairro da cidade de Belém através das práticas de
sociabilidade pelos grupos sociais diversos que se mobilizam para o convívio e
transformam esses lugares, onde as ruas, calçadas, casas, edifícios, passam a
ter novos significados, haja vista que nesses momentos de lazer o cenário é
composto pelos novos agentes sociais frequentadores.
A relevância da pesquisa
extrapola o universo acadêmico uma vez que fornecerá dados hoje essenciais para
o estabelecimento de políticas públicas na área do lazer uma vez que entendemos
que a construção, reforma de equipamentos de lazer assim como os processos de
animação cultural desses lugares e equipamentos devem ser canais permanentes de
diálogo entre Estado e Sociedade Civil na perspectiva de construção, mesmo que
a partir das tensões de classe existentes, de canais para a participação
popular e uma apropriação cidadã através das variadas formas culturais de usos
públicos desses lugares.
Objetivo Geral
Realizar um mapeamento dos
lugares, equipamentos de lazer públicos e seus usos cotidianos através das
vivências de lazer no bairro da Cidade Velha e eleger dois desses lugares para
desenvolver um trabalho mais longo de observação participante a fim de analisar
os usos e contra-usos desses lugares e equipamentos.
Objetivos Específicos
1- Desenvolver revisão
bibliográfica sobre espaços e equipamentos públicos de lazer;
2- Mapear os espaços e
equipamentos públicos de lazer existentes na Cidade Velha;
3-Observar e listar os processos
de sociabilidade através das práticas de lazer que acontecem nesses lugares e
equipamentos;
4- Desenvolver observação
participante a fim de analisar os usos e contra-usos desses lugares e
equipamentos de lazer na intenção de compreender o interesse dos frequentadores
dos lugares mapeados em relação às práticas de lazer;
5-Conhecer de maneira mais
detalhada e analisar as interações entre alguns grupos sociais a partir de seus
diferentes usos dos equipamentos de lazer da cidade velha;
6- Tentar apreender a dinâmica da elaboração destas práticas culturais de
lazer pelos seus agentes e a apreensão de seu caráter simbólico;
7- Proporcionar aos alunos
(voluntários) envolvidos neste projeto a formação e a experiência para a
pesquisa científica, através da discussão teórica de temas paradigmáticos na
educação física tais como lazer, cultura, sociabilidade em contexto urbano.
Metodologia
Desenvolver essa pesquisa implica em
ter como cenário mais geral a própria cidade de Belém, isto porque, trata-se de
um trabalho que se propõem em sua primeira fase, mapear os lugares,
equipamentos e as práticas culturais de lazer presentes na Cidade Velha que por
sua condição histórico-social se constituiu como um bairro de grande relevância
cultural não apenas para seus moradores mas, para grande parte dos Belenenses.
Nessa perspectiva, diversos grupos/sujeitos que estão em vários “pedaços” da
cidade frequentam os pontos culturais desse bairro tendo pelo menos um objetivo
que os interligam: a necessidade de sociabilidade através do lazer com seus
pares. Assim a pesquisa se constituirá a partir de algumas fases interligadas:
1- Levantamento
de fontes teóricas e informativas sobre o objeto de estudo: estudos
desenvolvidos sobre a categoria lazer, espaços de lazer, equipamentos públicos
de lazer, produções culturais, sociabilidade e sobre a história do bairro da
Cidade Velha a fim de consolidar uma apropriação, por parte da pesquisadora e
dos
pesquisadores voluntários e ou bolsistas, sobre o contexto sócio cultural do
bairro e as bases teóricas que fundamentarão a pesquisa.
2- Mapeamento
geral do bairro, ruas, lugares e equipamentos existentes através de informações
documentais institucionais provenientes da Secretaria de Cultura do Estado do Pará
e do Município de Belém e na Secretaria de Meio Ambiente.
3- Trabalho
de campo 1- Terá caráter mais exploratório a fim de obter uma visão geral sobre
os equipamentos, as principais práticas de lazer neles desenvolvidas e os
grupos /sujeitos frequentadores. O trabalho será desenvolvido através de
observação e entrevistas abertas com moradores ou frequentadores desses lugares
em dias e horários diferenciados.
4- Constituição
de um Mapa inicial de localização desses lugares, equipamentos e práticas de
lazer e principais grupos frequentadores para reorganização do projeto de
pesquisa a partir dos primeiros dados coletados na pesquisa exploratória e
construção de instrumentos para a segunda etapa da pesquisa;
5- Seleção da base cartográfica para o
georeferenciamento dos lugares de lazer e seus devidos usos;
6- Realização
de seminário para eleição dos dois lugares a serem priorizados e de preparação
metodológica em pesquisa de campo aprofundada;
7- Realização
da pesquisa de campo (entrevistas semi-estruturada e observação participante);
8- Seminário
para realizar a síntese que balizará a elaboração do relatório final e de
possíveis temas para elaboração de artigos;
9- Análise
dos dados de campo e redação do relatório final;
10- Seminário
final aberto ao público para socialização do resultado da pesquisa;
Pelo fato da pesquisadora e dos
pesquisadores voluntários e ou bolsistas serem moradores da cidade de Belém e
de serem frequentadores de muitos desses lugares de sociabilidade pública
através da vivência do lazer na Cidade Velha, existirá, de alguma forma, algum
compartilhamento de sentidos, de significados e de símbolos entre os (as)
pesquisadores (as) e esses grupos, neste sentido será fundamental um
estranhamento do que já é familiar para os pesquisadores como tornar familiar o
que para os (as) pesquisadores (as) é estranho (Da MATTA, 1978) uma vez que,
para efetivar a pesquisa proposta, será necessário mais do que conhecer as
práticas de lazer desenvolvidas nesses lugares da pesquisa, mas conhecer e
interpretar os significados elaborados no fazer cotidiano, nos encontros,
brincadeiras, festas, reuniões, desses vários grupos/agentes sociais e como se
constitui essas práticas de uso e de contra-uso desses lugares.
Utilizaremos como orientação
metodológica para o processo da pesquisa de campo nos dois lugares definidos, a
descrição densa, que busca a inscrição do significado de determinadas práticas
culturais num dado contexto, além de nos valermos da abordagem diacrônica que
nos permitirá entender em que contextos foram criadas essas manifestações. A
tarefa fundamental da descrição densa é tornar o trabalho de campo o mais
profundo possível. Gueertz (1989), ao escrever sobre o tema afirma que o
pesquisador deve debruçar-se sobre as ações dos agentes sociais enquanto ações
simbólicas a serem lidas como “textos”, a partir da “linguagem” dos produtores
desses mesmos “textos”, uma vez que da mesma forma que a cultura é pública seu
texto também o é:
“O que é importante nos achados do
antropólogo é sua especificidade complexa, sua circunstancialidade. É
justamente com essa espécie de material produzido por um trabalho de campo
quase obsessivo de peneiramento, a longo prazo, principalmente (embora não
exclusivamente) qualitativo, altamente
participante e realizado em contextos confinados, que os megaconceitos com os
quais se aflige a ciência social contemporânea (...) podem adquirir toda a
espécie de atualidade sensível que possibilita pensar não apenas realista e
concretamente sobre eles, mas, o que é mais importante, criativamente com eles”
(GUEERTZ, 1989, p. 33).
Através dessa compreensão, além dos
aspectos enumerados acima toda a realidade vivenciada em campo será registrada
através da escrita no diário de campo e através de imagens (fotografia,
filmagem). Realizaremos algumas entrevistas previamente estruturadas e não
estruturadas ou abertas, deixando os sujeitos interlocutores da pesquisa
abordar livremente alguns temas propostos.
Metas
1- Cada
componente voluntário e/ou bolsista deverá apresentar relatório com dados
empíricos coletados e uma pré-análise baseada nos objetivos desta pesquisa;
2- Produzir
um mapa contendo todos os lugares e equipamentos de lazer do bairro;
3- Definir,
com base em critérios objetivos coletivamente traçados, um quadro quantitativo
e qualitativo dos lugares e seus usos, conforme os conteúdos do lazer a eles
concernentes;
4- Eleger, a
partir de análise consubstanciada por teorias, dois lugares, onde será
desenvolvida a pesquisa participante;
5- Redigir
relatório global da pesquisa;
6- Organizar
seminário final sobre o resultado da pesquisa dirigido aos
professores/pesquisadores, alunos das Universidades e aos agentes sociais
interlocutores da pesquisa;
7- Redigir um primeiro artigo a partir dos dados
da pesquisa para publicação.