sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lugar de Brincar


Identificação do Projeto
Título
LUGAR DE BRINCAR: novas metodologias a partir de ações pedagógicas lúdicas e estímulo a criação de novos lugares do brincar na cidade de Belém
PERÍODO DE EXECUÇÃO
Início: Fevereiro 2012
Término: Janeiro de 2013

Introdução
O projeto “Lugar de Brincar: criação de metodologias a partir de ações pedagógicas lúdicas e estímulo a criação de novos lugares do brincar na cidade de Belém”, visa equipar uma sala na Universidade Federal do Pará para ampliar as ações educativas no desenvolvimento de novas metodologias a partir de ações lúdico-pedagógicas desenvolvidas junto a crianças e na formação de estudantes de licenciaturas, de educadores de instituições educacionais do Estado do Pará e de agentes comunitários que desejam trabalhar com crianças e ou pessoas de todas as idades tendo o fenômeno lúdico como um dos principais aspectos do processo ensino-aprendizado. 
Apresentação
Atualmente, a sala para ativar o projeto apresenta-se como espaço ambientado, lúdico e dinâmico vinculado ao “Grupo de Estudos e Pesquisas em Cultura do Corpo, Educação, Arte e Lazer (LACOR)” da Faculdade de Educação Física (FEF) do Instituto de Ciência da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA). No ano de 2011 foi desenvolvido um projeto denominado “Brinquedoteca: espaço de apropriação e construção de metodologias a partir da cultura lúdica amazônica”, no qual oficinas lúdicas foram planejadas e executadas em escolas e na própria universidade, envolvendo educadores de instituições públicas e comunitárias de ensino e crianças e adolescentes dessas instituições. Nessa perspectiva, o projeto “Lugar do Brincar” surge como necessidade da continuação e aprimoramento das ações lúdico-pedagógicas até então implementadas pelo projeto Brinquedoteca. As ações lúdico-pedagógicas serão desenvolvidas em bairros e/ou ilhas da cidade de Belém, envolvendo educadores, crianças, adolescentes.
Justificativa
Brincar é a principal atividade na infância e está sempre inundada de significações sociais e, como qualquer outra atividade é necessária aprendizagem. O jogo como expressão da cultura é ao mesmo tempo criação e produção da cultura lúdica e é através das brincadeiras que se aprende a brincar, que se aprende a dominar um universo simbólico próprio, mediado pela diversidade de experiências lúdicas dos participantes (BROUGERE, 1998).
Através das brincadeiras os sujeitos, em especial as crianças envolvidas, ampliam seu conhecimento sobre si mesmo e sobre o mundo que está ao seu redor. No brincar expressam seus sentimentos, suas fantasias, representam situações do seu cotidiano, testam e adquirem novos conhecimentos.
Compreendida dessa forma, pode se dizer que a brincadeira é indispensável para favorecer a integração social da criança, além de exercitar seu equilíbrio emocional e atividades intelectuais. Assim, toda criança tem o direito de ser respeitada quanto ao seu ritmo próprio de desenvolvimento e de suas necessidades lúdicas e afetivas.
A importância da brincadeira para o processo formativo e mais especificamente a sua necessidade em espaços educacionais, embora tenha se constituído e se afirmado fundamentalmente com a modernidade ainda no século XVI na Europa, desde os primórdios esteve mencionada na educação grego-romana. Platão e Aristóteles fazem referências a importância do brincar na educação. Da mesma forma em escritos de Horácio e Quintiliano o lúdico aparece relacionado ao uso de guloseimas em formato de letras como uma referência do jogo didático (KISHIMOTO, 1994).
O brincar é referência de vários teóricos, que o afirma como fundamental para o desenvolvimento do indivíduo. Na psicologia destacamos as contribuições de Piaget (1978), Vygotsky (1984) e Wallon (1989), que concebem o homem como ser eminentemente sociocultural. Estes estudiosos contribuíram para afirmação de que o período de 0 a 6 anos é a fase que o ser humano mais se desenvolve. Eles destacam o lúdico como veículo do desenvolvimento da criança nos seus aspectos cognitivo, afetivo e social.
Através da brincadeira a criança desenvolve sua identidade, pois nas brincadeiras as situações imaginárias imitam as realidades dos adultos, seus comportamentos e ações cotidianas. Através do brincar a criança expressa seus sentimentos, recriam situações do cotidiano, testa e adquire novos conhecimentos. Segundo Vygotsky, durante as brincadeiras as crianças sempre se comportam de forma mais madura do que no comportamento habitual de sua idade, se portando na maioria das vezes como mais velha do que é. “como foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1984: 117).
No brincar a criança aprimora sua linguagem por meio da apreensão e criação de símbolos. O imaginário presente no ato de brincar leva a criança a alterar significados dos objetos e eventos cotidianos, assim expressam suas fantasias e assumem papéis sociais, de modo que o brincar se constitui como um verdadeiro laboratório onde a criança, assim como um cientista, pode criar novas experiências para entender a realidade, formular novas hipóteses e testá-las.
Do ponto de vista sociológico, o brincar possibilita o resgate da cultura popular, permite inserir a criança na cultura do seu tempo e também inserir regras que ela poderá observar enquanto adulta. Como apontava Benjamin (1984) – estudioso das questões da infância, a criança não é um ser isolado vivendo numa ilha. O ato de brincar é aprendido no convívio, na relação da criança com o brinquedo, com outras crianças e com os adultos, portanto é um aprendizado sociocultural que se manifesta das mais diferentes formas.
Brougére (1995) alerta que na brincadeira, uma regra só tem valor se for aceita pelos que brincam e só vale naquele espaço e tempo determinado. A regra pode ser transformada desde que isso seja decidido e acordado pelos parceiros de brincadeiras. A regra permite, assim, criar outra situação que libera os limites do real (Brougére, 1995:101).
 O brincar coloca em prática habilidades que só na situação lúdica poderiam aparecer, pois ainda estão se solidificando e, só podem ser concretizadas mediante estas ocasiões especiais.
Do ponto de vista pedagógico, o brincar desenvolve a linguagem, o raciocínio lógico, a relação espaço x tempo. Através das brincadeiras a criança observa, experimenta, investiga, age, conquistando novas etapas de pensamento. Nas suas mais diversas apresentações, a brincadeira é um instrumento rico no desenvolvimento e na aprendizagem infantil, necessitando ser inserida no cotidiano dos bairros e da cidade como um todo.
Nesse sentido, a atividade lúdica é fundamental para os processos de aprendizagem, pois, além de despertar o interesse da criança, proporciona aprendizado verdadeiramente significativo. A valorização do ato de brincar, enquanto elemento mediador do aprendizado desenvolve e educa de forma prazerosa. Desse modo, situações de jogos e brincadeiras além de promover o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas, atende às necessidades infantis.
A brincadeira, nas suas mais diversas apresentações (de situação imaginária, de imitação, com ou sem regras), é instrumento rico e deve ser proporcionado no cotidiano da criança, sem, contudo contrariar sua natureza lúdica, da busca do prazer, da alegria, da exploração livre.
Nesse sentido, considerando a criança como sujeito social e global, os aspectos cognitivo, afetivo e simbólico são inseparáveis, as atividades lúdicas são indispensáveis para propiciar à criança educação integral, cabendo às instituições educacionais inseri-la em seu projeto pedagógico.
Diante de uma realidade em que, cada dia mais, é reduzido o tempo e os espaços públicos às vivências lúdicas das crianças e adolescentes, esse projeto se justifica como uma alternativa para estimular o encontro entre os pares, a criação e a apropriação criativa da cultura lúdica local. Nessa perspectiva, mais do que se constituir em um lugar do brincar na Universidade Federal do Pará, se desafia a, a partir desse lugar, estimular e desenvolver ações lúdico-pedagógicas em bairros e/ou ilhas da cidade de Belém. Lendas, músicas, histórias, brinquedos e brincadeiras serão os principais referenciais para envolver pessoas comprometidas com a organização e educação comunitária.
A Amazônia, nesse caso em específico a região norte do Brasil é portadora de uma vasta cultura que, entre muitos aspectos destacamos as características lúdicas produzidas por homens e mulheres no contato com os rios, igarapés, flora e fauna constituindo-se em um jeito próprio de criar sentido e significado sobre essa realidade na constituição criativa de histórias, lendas, brincadeiras, artesanatos, festas, etc.
A partir de tais afirmativas, o projeto se propõe a ser um estímulo a produção de novas metodologias educacionais a partir da cultura e saberes locais, como uma forma de estimular educadores e educandos a se desafiarem a planejar oficinas a partir desses saberes lúdicos produzidos na região, em diálogo permanente com conhecimentos das crianças e suas vivências com os jogos e brincadeiras de seus cotidianos presentes em alguns bairros e ilhas de Belém.
É nessa perspectiva que gostaríamos de equipar a brinquedoteca a fim de garantir que esse seja um lugar do brincar para as crianças, mas também um espaço de construção de novas metodologias para estudantes e educadores além de se constituir em uma referência no processo de formação e estímulo de educadores interessados em implementar projetos de natureza semelhante.
Objetivos
·         Criar um espaço físico planejado com a finalidade de garantir à criança o direito de brincar;
·         Criar, testar, catalogar e disponibilizar brinquedos e jogos de cunho lúdicos necessários as atividades pedagógicas na formação de educadores assim como de alunos dos cursos de licenciatura e crianças frequentadoras do “lugar de brincar”.
·         Proporcionar situações de interação, aprendizagem, criatividade, possibilitando à criança o desenvolvimento de sua capacidade de autonomia do ponto de vista afetivo, cognitivo e social e possibilitando aos educadores e alunos das licenciaturas um estímulo à experimentação e criação de novas metodologias a partir de ações lúdicas;
·         Oportunizar experiências e redescobertas, através do acesso a um maior número de brinquedos.
·         Estimular a brincadeira como forma de aquisição e transmissão da cultura infantil.
·         Oferecer um espaço pedagógico para construção de metodologias lúdicas, de  observação e pesquisa para professores e estagiários.
Metodologia
Dentro da proposta de atendimento no “lugar do brincar” deve ser dada prioridade a brincadeira livre. A criança terá bastante tempo para explorar livremente os espaços temáticos em pequenos grupos, grupos maiores e até mesmo sozinha, satisfazendo sua curiosidade e expressando-se livremente, criando assim brincadeiras que permitam a representação do imaginário, o desenvolvimento da linguagem e a interação social. Dessa forma, o contato, a manipulação e o uso dos brinquedos possibilitarão à criança construir seu conhecimento de forma significativa.
Esse espaço funcionará também como um laboratório onde receberemos pessoas dos bairros e ilhas de Belém interessadas em desenvolver trabalhos em suas comunidades de natureza semelhante. O lugar do brincar da UFPA com seus profissionais se responsabilizará por planejar, executar e avaliar cursos e oficinas com objetivo de estimular a criação de novos lugares do brincar na cidade de Belém. Atividades formativas que acontecerão na UFPA e também nas comunidades.
Os profissionais envolvidos no projeto - professores e bolsistas devem fazer do “lugar de brincar“ um espaço para a construção de novas metodologias onde a cultura dos jogos esteja presente e também fazer dele um espaço de observação e pesquisa a fim de motivar a elaboração de oficinas lúdicas em outros espaços da cidade de Belém.
Nos meses de fevereiro, março e abril serão desenvolvidos a Primeira Etapa do projeto. O desafio dessa etapa é o de equipar e organizar o projeto. A definição dos equipamentos, brinquedos, materiais de consumo e  serviços vem de encontro a necessidade de constituir lugares do brincar, seja nas ações pedagógivas que serão desenvolvidas no “lugar do Brincar” da UFPA, seja no uso desses materiais e equipamentos para estimular outras instituições, tais como escolas da terra firme, Brinquedotecas, escolas comunitárias entre outros espaços sociais a criarem seus lugares do brincar. Para tanto, no processo de organização, o projeto será apresentado às instituições para se definir o calendário de planejamento e o acervo comprado para que possamos desenvolver ações a partir dos lugares temáticos:
Lugar da Leitura, de Contar Histórias e da Música; lugar equipado com livros infantis e informativos, gibis e revistas diversas. Organizado com tapete e almofadas para acolher as pessoas que desejarem permanecer nesse ambiente e para realizar oficinas estimulando o desejo de ler e criar textos. Os livros serão usados como forma de brincar. Esta é uma maneira de fazer com que educadores se apropriem de metodologias que dialogue com o acervo de forma bem prazerosa e descontraída e para que crianças e adolescentes possam também fazer uso desse espaço de forma criativa.
Lugar do Teatro
Local com fantoches e fantasias diversos para manusear, inventar e contar histórias.
Lugar da Animação
Local com estantes e armários baixos e brinquedos variados para serem manuseados livremente, sugerindo diferentes formas de brincar. Nesse espaço, se faz necessário, tatame, data-show, som, telão, computador, vídeo-game, lugar em que as crianças, adolescentes e educadores poderão reunir-se para fazer qualquer trabalho coletivo, além de jogar, assistir e debater filmes, dançar, ouvir música.
Lugar das Sucatas
Lugar onde serão guardados materiais reciclados e da natureza, lavados e classificados que serão utilizados na criação dos “inventores”. As sucatas deverão estar agrupadas em caixas de plástico ou papelão e potes plásticos colocadas em estantes baixas.
Lugar da Oficina
Local revestido de tatame onde os participantes poderão “inventar coisas” e construir brinquedos com material de sucata. Tecidos
Lugar de vivências físico-corporais
Localiza-se logo a frente da brinquedoteca onde acontecerão atividades lúdicas com cama elástica, bolas, bambolês, com equipamento de som e microfone para as atividades externas e projeções de filme.
Lugar de criação imaginária do cotidiano
A organização desse espaço deve auxiliar os participantes a decidirem o que fazer para entrada do imaginário e para que surja a brincadeira do “faz-de-conta”.
Assim no Canto do Faz de Contas, teremos um espaço com mobílias de casa de tamanho adequado à criança pequena, como também bonecas, roupas de bonecas, loucinhas, panelinhas e outros utensílios de cozinha. Um camarim com espelho, maquilagem, bijuterias, chapéus, fantasias e adereços, como também roupas e sapatos velhos que poderão ser muitos valiosos para brincar de casinha.
Na segunda etapa do projeto que será executado durante os meses de maio a novembro será definido junto as instituições educacionais um  calendário mais elaborado de planejamento detalhado das ações pedagógicas que serão desenvolvidas durante o ano e passaremos então a fase de preparação das oficinas com essas instituições, execução e avaliação das mesmas. Todas as ações pedagógicas terão como fio condutor a dimensão lúdica das práticas pedagógicas.



 


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