Identificação
do Projeto
Título
LUGAR DE BRINCAR: novas
metodologias a partir de ações pedagógicas lúdicas e estímulo a criação de
novos lugares do brincar na cidade de Belém
PERÍODO DE EXECUÇÃO
Início: Fevereiro
2012
Término: Janeiro de
2013
Introdução
O projeto
“Lugar de Brincar: criação de metodologias a partir de ações pedagógicas
lúdicas e estímulo a criação de novos lugares do brincar na cidade de Belém”,
visa equipar uma sala na Universidade Federal do Pará para ampliar as ações
educativas no desenvolvimento de novas metodologias a partir de ações
lúdico-pedagógicas desenvolvidas junto a crianças e na formação de estudantes
de licenciaturas, de educadores de instituições educacionais do Estado do Pará
e de agentes comunitários que desejam trabalhar com crianças e ou pessoas de
todas as idades tendo o fenômeno lúdico como um dos principais aspectos do
processo ensino-aprendizado.
Apresentação
Atualmente, a
sala para ativar o projeto apresenta-se como espaço ambientado, lúdico e
dinâmico vinculado ao “Grupo de Estudos e Pesquisas em Cultura do Corpo,
Educação, Arte e Lazer (LACOR)” da Faculdade de Educação Física (FEF) do
Instituto de Ciência da Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
No ano de 2011 foi desenvolvido um projeto denominado “Brinquedoteca: espaço de
apropriação e construção de metodologias a partir da cultura lúdica amazônica”,
no qual oficinas lúdicas foram planejadas e executadas em escolas e na própria
universidade, envolvendo educadores de instituições públicas e comunitárias de
ensino e crianças e adolescentes dessas instituições. Nessa perspectiva, o
projeto “Lugar do Brincar” surge como necessidade da continuação e
aprimoramento das ações lúdico-pedagógicas até então implementadas pelo projeto
Brinquedoteca. As ações lúdico-pedagógicas serão desenvolvidas em bairros e/ou
ilhas da cidade de Belém, envolvendo educadores, crianças, adolescentes.
Justificativa
Brincar é a
principal atividade na infância e está sempre inundada de significações sociais
e, como qualquer outra atividade é necessária aprendizagem. O jogo como
expressão da cultura é ao mesmo tempo criação e produção da cultura lúdica e é
através das brincadeiras que se aprende a brincar, que se aprende a dominar um
universo simbólico próprio, mediado pela diversidade de experiências lúdicas
dos participantes (BROUGERE, 1998).
Através das
brincadeiras os sujeitos, em especial as crianças envolvidas, ampliam seu
conhecimento sobre si mesmo e sobre o mundo que está ao seu redor. No brincar
expressam seus sentimentos, suas fantasias, representam situações do seu
cotidiano, testam e adquirem novos conhecimentos.
Compreendida
dessa forma, pode se dizer que a brincadeira é indispensável para favorecer a
integração social da criança, além de exercitar seu equilíbrio emocional e
atividades intelectuais. Assim, toda criança tem o direito de ser respeitada
quanto ao seu ritmo próprio de desenvolvimento e de suas necessidades lúdicas e
afetivas.
A importância
da brincadeira para o processo formativo e mais especificamente a sua
necessidade em espaços educacionais, embora tenha se constituído e se afirmado
fundamentalmente com a modernidade ainda no século XVI na Europa, desde os
primórdios esteve mencionada na educação grego-romana. Platão e Aristóteles
fazem referências a importância do brincar na educação. Da mesma forma em
escritos de Horácio e Quintiliano o lúdico aparece relacionado ao uso de
guloseimas em formato de letras como uma referência do jogo didático
(KISHIMOTO, 1994).
O brincar é
referência de vários teóricos, que o afirma como fundamental para o
desenvolvimento do indivíduo. Na psicologia destacamos as contribuições de
Piaget (1978), Vygotsky (1984) e Wallon (1989), que concebem o homem como ser
eminentemente sociocultural. Estes estudiosos contribuíram para afirmação de
que o período de 0 a 6 anos é a fase que o ser humano mais se desenvolve. Eles
destacam o lúdico como veículo do desenvolvimento da criança nos seus aspectos
cognitivo, afetivo e social.
Através da
brincadeira a criança desenvolve sua identidade, pois nas brincadeiras as
situações imaginárias imitam as realidades dos adultos, seus comportamentos e
ações cotidianas. Através do brincar a criança expressa seus sentimentos,
recriam situações do cotidiano, testa e adquire novos conhecimentos. Segundo Vygotsky,
durante as brincadeiras as crianças sempre se comportam de forma mais madura do
que no comportamento habitual de sua idade, se portando na maioria das vezes
como mais velha do que é. “como foco de uma lente de aumento, o brinquedo
contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele
mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1984: 117).
No brincar a
criança aprimora sua linguagem por meio da apreensão e criação de símbolos. O
imaginário presente no ato de brincar leva a criança a alterar significados dos
objetos e eventos cotidianos, assim expressam suas fantasias e assumem papéis
sociais, de modo que o brincar se constitui como um verdadeiro laboratório onde
a criança, assim como um cientista, pode criar novas experiências para entender
a realidade, formular novas hipóteses e testá-las.
Do ponto de vista sociológico, o brincar possibilita o resgate da
cultura popular, permite inserir a criança na cultura do seu tempo e também inserir
regras que ela poderá observar enquanto adulta. Como apontava Benjamin (1984) –
estudioso das questões da infância, a criança não é um ser isolado vivendo
numa ilha. O ato de brincar é aprendido no convívio, na relação da criança
com o brinquedo, com outras crianças e com os adultos, portanto é um
aprendizado sociocultural que se manifesta das mais diferentes formas.
Brougére
(1995) alerta que na brincadeira, uma regra só tem valor se for aceita pelos
que brincam e só vale naquele espaço e tempo determinado. A regra pode ser transformada
desde que isso seja decidido e acordado pelos parceiros de brincadeiras. A
regra permite, assim, criar outra situação que libera os limites do real (Brougére,
1995:101).
O brincar coloca em prática
habilidades que só na situação lúdica poderiam aparecer, pois ainda estão se
solidificando e, só podem ser concretizadas mediante estas ocasiões especiais.
Do ponto de
vista pedagógico, o brincar desenvolve a linguagem, o raciocínio lógico, a
relação espaço x tempo. Através das brincadeiras a criança observa,
experimenta, investiga, age, conquistando novas etapas de pensamento. Nas suas mais diversas apresentações, a brincadeira é um instrumento rico no
desenvolvimento e na aprendizagem infantil, necessitando ser inserida no
cotidiano dos bairros e da cidade como um todo.
Nesse sentido, a atividade lúdica é fundamental para os processos de
aprendizagem, pois, além de despertar o interesse da criança, proporciona
aprendizado verdadeiramente significativo. A valorização do ato de brincar,
enquanto elemento mediador do aprendizado desenvolve e educa de forma
prazerosa. Desse modo, situações de jogos e brincadeiras além de promover o
desenvolvimento de novas estruturas cognitivas, atende às necessidades
infantis.
A
brincadeira, nas suas mais diversas apresentações (de situação imaginária, de
imitação, com ou sem regras), é instrumento rico e deve ser proporcionado no
cotidiano da criança, sem, contudo contrariar sua natureza lúdica, da busca do
prazer, da alegria, da exploração livre.
Nesse
sentido, considerando a criança como sujeito social e global, os aspectos
cognitivo, afetivo e simbólico são inseparáveis, as atividades lúdicas são
indispensáveis para propiciar à criança educação integral, cabendo às
instituições educacionais inseri-la em seu projeto pedagógico.
Diante de uma
realidade em que, cada dia mais, é reduzido o tempo e os espaços públicos às
vivências lúdicas das crianças e adolescentes, esse projeto se justifica como
uma alternativa para estimular o encontro entre os pares, a criação e a apropriação
criativa da cultura lúdica local. Nessa perspectiva, mais do que se constituir
em um lugar do brincar na Universidade Federal do Pará, se desafia a, a partir
desse lugar, estimular e desenvolver ações lúdico-pedagógicas em bairros e/ou
ilhas da cidade de Belém. Lendas, músicas, histórias, brinquedos e brincadeiras
serão os principais referenciais para envolver pessoas comprometidas com a
organização e educação comunitária.
A Amazônia,
nesse caso em específico a região norte do Brasil é portadora de uma vasta
cultura que, entre muitos aspectos destacamos as características lúdicas
produzidas por homens e mulheres no contato com os rios, igarapés, flora e
fauna constituindo-se em um jeito próprio de criar sentido e significado sobre
essa realidade na constituição criativa de histórias, lendas, brincadeiras,
artesanatos, festas, etc.
A partir de
tais afirmativas, o projeto se propõe a ser um estímulo a produção de novas
metodologias educacionais a partir da cultura e saberes locais, como uma forma de estimular
educadores e educandos a se desafiarem a planejar oficinas a partir desses
saberes lúdicos produzidos na região, em diálogo permanente com conhecimentos
das crianças e suas vivências com os jogos e brincadeiras de seus cotidianos
presentes em alguns bairros e ilhas de Belém.
É nessa
perspectiva que gostaríamos de equipar a brinquedoteca a fim de garantir que
esse seja um lugar do brincar para as crianças, mas também um espaço de
construção de novas metodologias para estudantes e educadores além de se
constituir em uma referência no processo de formação e estímulo de educadores
interessados em implementar projetos de natureza semelhante.
Objetivos
·
Criar um espaço físico planejado
com a finalidade de garantir à criança o direito de brincar;
·
Criar,
testar, catalogar e disponibilizar brinquedos e jogos de cunho lúdicos
necessários as atividades pedagógicas na formação de educadores assim como de
alunos dos cursos de licenciatura e crianças frequentadoras do “lugar de
brincar”.
·
Proporcionar situações de
interação, aprendizagem, criatividade, possibilitando à criança o
desenvolvimento de sua capacidade de autonomia do ponto de vista afetivo,
cognitivo e social e possibilitando aos educadores e alunos das licenciaturas
um estímulo à experimentação e criação de novas metodologias a partir de ações
lúdicas;
·
Oportunizar experiências e
redescobertas, através do acesso a um maior número de brinquedos.
·
Estimular a brincadeira como forma
de aquisição e transmissão da cultura infantil.
·
Oferecer um espaço pedagógico para
construção de metodologias lúdicas, de
observação e pesquisa para professores e estagiários.
Metodologia
Dentro da
proposta de atendimento no “lugar do brincar” deve ser dada prioridade a
brincadeira livre. A criança terá bastante tempo para explorar livremente os
espaços temáticos em pequenos grupos, grupos maiores e até mesmo sozinha,
satisfazendo sua curiosidade e expressando-se livremente, criando assim
brincadeiras que permitam a representação do imaginário, o desenvolvimento da
linguagem e a interação social. Dessa forma, o contato, a manipulação e o uso
dos brinquedos possibilitarão à criança construir seu conhecimento de forma
significativa.
Esse espaço
funcionará também como um laboratório onde receberemos pessoas dos bairros e ilhas
de Belém interessadas em desenvolver trabalhos em suas comunidades de natureza
semelhante. O lugar do brincar da UFPA com seus profissionais se
responsabilizará por planejar, executar e avaliar cursos e oficinas com
objetivo de estimular a criação de novos lugares do brincar na cidade de Belém.
Atividades formativas que acontecerão na UFPA e também nas comunidades.
Os
profissionais envolvidos no projeto - professores e bolsistas devem fazer do
“lugar de brincar“ um espaço para a construção de novas metodologias onde a
cultura dos jogos esteja presente e também fazer dele um espaço de observação e
pesquisa a fim de motivar a elaboração de oficinas lúdicas em outros espaços da
cidade de Belém.
Nos meses de
fevereiro, março e abril serão desenvolvidos a Primeira Etapa do projeto. O
desafio dessa etapa é o de equipar e organizar o projeto. A definição dos equipamentos, brinquedos,
materiais de consumo e serviços vem de
encontro a necessidade de constituir lugares do brincar, seja nas ações
pedagógivas que serão desenvolvidas no “lugar do Brincar” da UFPA, seja no uso
desses materiais e equipamentos para estimular outras instituições, tais como
escolas da terra firme, Brinquedotecas, escolas comunitárias entre outros
espaços sociais a criarem seus lugares do brincar. Para tanto, no processo de
organização, o projeto será apresentado às instituições para se definir o
calendário de planejamento e o acervo comprado para que possamos desenvolver
ações a partir dos lugares temáticos:
Lugar da Leitura, de Contar Histórias e
da Música; lugar equipado com livros infantis e informativos,
gibis e revistas diversas. Organizado com tapete e almofadas para acolher as
pessoas que desejarem permanecer nesse ambiente e para realizar oficinas
estimulando o desejo de ler e criar textos. Os livros serão usados como forma
de brincar. Esta é uma maneira de fazer com que educadores se apropriem de
metodologias que dialogue com o acervo de forma bem prazerosa e descontraída e
para que crianças e adolescentes possam também fazer uso desse espaço de forma
criativa.
Lugar do Teatro
Local com
fantoches e fantasias diversos para manusear, inventar e contar histórias.
Lugar da Animação
Local com
estantes e armários baixos e brinquedos variados para serem manuseados
livremente, sugerindo diferentes formas de brincar. Nesse espaço, se faz
necessário, tatame, data-show, som, telão, computador, vídeo-game, lugar em que
as crianças, adolescentes e educadores poderão reunir-se para fazer qualquer
trabalho coletivo, além de jogar, assistir e debater filmes, dançar, ouvir
música.
Lugar das Sucatas
Lugar onde
serão guardados materiais reciclados e da natureza, lavados e classificados que
serão utilizados na criação dos “inventores”. As sucatas deverão estar
agrupadas em caixas de plástico ou papelão e potes plásticos colocadas em
estantes baixas.
Lugar da Oficina
Local
revestido de tatame onde os participantes poderão “inventar coisas” e construir
brinquedos com material de sucata. Tecidos
Lugar de vivências físico-corporais
Localiza-se
logo a frente da brinquedoteca onde acontecerão atividades lúdicas com cama
elástica, bolas, bambolês, com equipamento de som e microfone para as
atividades externas e projeções de filme.
Lugar de criação imaginária do
cotidiano
A organização
desse espaço deve auxiliar os participantes a decidirem o que fazer para
entrada do imaginário e para que surja a brincadeira do “faz-de-conta”.
Assim no
Canto do Faz de Contas, teremos um espaço com mobílias de casa de tamanho
adequado à criança pequena, como também bonecas, roupas de bonecas, loucinhas,
panelinhas e outros utensílios de cozinha. Um camarim com espelho, maquilagem,
bijuterias, chapéus, fantasias e adereços, como também roupas e sapatos velhos
que poderão ser muitos valiosos para brincar de casinha.
Na segunda etapa do projeto que será executado durante os meses de maio a
novembro será definido junto as instituições educacionais um calendário mais elaborado de planejamento
detalhado das ações pedagógicas que serão desenvolvidas durante o ano e
passaremos então a fase de preparação das oficinas com essas instituições,
execução e avaliação das mesmas. Todas as ações pedagógicas terão como fio
condutor a dimensão lúdica das práticas pedagógicas.